Você provavelmente deve conhecer as campanhas de saúde Outubro Rosa e Novembro Azul. A primeira trabalha para o cuidado com o Câncer de Mama e o Segundo para o Câncer de Próstata. Sabia que existe também a campanha Setembro Amarelo? É dedicada à prevenção do suicídio no Brasil.
O suicídio é considerado pela OMS
(Organização Mundial de Saúde) um dos maiores problemas de saúde pública do
mundo, matando mais pessoas que o vírus HIV e a maioria dos tipos de câncer. E
como é possível enfrentar este desafio? Como podemos ajudar as pessoas que
sofrem e têm ideações suicidas?
Vejamos bem: como psicólogos,
consideramos essencial conversar e falar sobre este problema, um tema que é tabu para várias pessoas. Dessa forma,
possibilitamos disseminação de informações valiosas para prevenir suicídios. A
educação é o melhor método para as pessoas saberem o que é o suicídio e como
podem ajudar as pessoas potencialmente suicidas.
A OMS considera que 9 a cada 10
suicídios poderiam ser prevenidos. E para chegarmos lá, precisamos saber mais
sobre este grande problema.
Pensando nisso, elaboramos esta lista
com informações que todo mundo deve saber sobre o suicídio.
1 – Existe prevenção e posvenção do suicídio
É possível prevenir o suicídio. As
pessoas com ideações suicidas geralmente mostram alguns sinais que, em
essência, revelam a desvalorização de sua própria existência. Por exemplo, dizem
algumas coisas parecidas como essas em contextos aleatórios: “se eu sumir
ninguém vai se importar” ou “a vida não vale a pena”. É importante estarmos
atentos a esses sinais. Falaremos mais sobre a desqualificação da existência no
item 5.
Agora passemos à posvenção.
Existem pessoas que sobrevivem ao
suicídio, nesse caso deve ocorrer a posvenção. Aqueles que já tentaram o
suicídio devem ser acompanhados com a maior atenção possível. É indicado que
façam acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Assim será possível aliviar os
extremos tormentos que a pessoa com ideações suicidas vive.
A posvenção também deve ser
proporcionada àqueles que presenciaram algum suicídio ou tentativa dele, com o
trabalho profissional de psicólogos. A probabilidade de suicídio é considerável
naqueles que já o presenciaram, portanto devem ter este acompanhamento para
elaborarem e aliviarem o trauma da experiência vivida.
2 – É contraindicado divulgar estatísticas sobre o suicídio
Esta é uma coisa de extrema
importância, que pouca gente sabe. Inclusive é possível encontrar diversas
estatísticas em páginas e blogs sobre índices e taxas de suicídio. Isto não
ajuda essas pessoas.
Inclinando-nos para a linguagem da
Gestalt-terapia, entendemos que, de modo geral, as pessoas suicidas não veem
alternativa para as questões existências a não ser o suicídio. As estatísticas
são dados puramente racionais, e essas pessoas precisam é de apoio emocional,
não de especulações racionais. As análises racionalizadas para os suicidas, não
fazem sentido, pois o que vivem não é de compreensibilidade racional. Portanto,
estatísticas são inúteis, sendo melhor as alternativas de educação sobre o
suicídio e apoio profissional capacitado.
3 – O suicídio está frequentemente associado a transtornos depressivos
O suicídio é mais frequentemente
observado em pessoas com sintomas depressivos – as próprias ideações suicidas
são sintomas da depressão. Tem um lado positivo desta realidade: depressão tem
tratamento, portanto, ao tratarmos a depressão estamos também prevenindo suicídios.
Podemos ajudar neste aspecto. Se você
tem alguém próximo que, aparentemente, manifesta sintomas depressivos, você pode mostrar
abertura para ele. Ofereça-se para escutar sobre a vida dele, não dê conselhos,
apenas escute e seja empático. Quando sentir que tem espaço para, sugira que
procure um profissional que poderá ajuda-lo nos tormentos existenciais que ele
vive. Dessa forma você está ajudando-o a ganhar novas perspectivas de vida.
E seja paciente. É provável que você
não consiga se aproximar logo na primeira tentativa, mas persista sem ser
intromissivo.
4 – Depressão é patologia / doença
Ainda existe uma resistência na
sociedade para entender que sintomas depressivos devem ser compreendidos da
mesma forma como são os sintomas de qualquer doença. A tirinha a seguir, ilustra
congruentemente esta realidade:
Depressão é patologia e deve ser
tratada como tal! As pessoas devem procurar especialistas da área para buscar
as intervenções terapêuticas necessárias para aliviar o sofrimento. E no caso
da depressão, o tratamento exclusivamente por remédios não basta! Deve haver
também acompanhamento psicoterapêutico.
5 – “Chamar atenção” é pedir ajuda
Já falamos sobre os sinais e pistas
que suicidas dão no item 2. Muitas pessoas acham que esses comportamentos tem
exclusiva intenção de chamar a atenção. E é exatamente isso! Mas não no sentido
que você está pensando.
As pessoas querem chamar atenção sim,
mas com a intenção de pedir ajuda. Caso digam: “Nossa! Ninguém gosta de mim e
vai sentir minha falta se eu morrer” pode ser um desses sinais. Se perceber
isso em alguém, observe a frequência dessas falas. É útil também escutar as
razões para a pessoa se sentir assim. A pessoa pode estar manifestando sintomas
depressivos, e, portanto, precisa de ajuda profissional.
6 – As pessoas podem ajudar com a escuta
Escutar é ótimo! Não só para as
pessoas depressivas.
Preste atenção que não estamos
falando sobre qualquer escuta – não é a escuta banal. Estamos falando da escuta
que o ouvinte genuinamente se interessa
pelo que a pessoa tem a dizer. É ao mesmo tempo ouvinte e empática. Não dá
conselhos, não critica e não julga os pensamentos ou ações das outras pessoas.
E como isso ajuda? Quando uma pessoa está falando, é
proporcionado que ela escute-se! E isso é muito valioso para a reflexão,
mudança de crenças e comportamentos. Ao permitir isso às pessoas depressivas e
suicidas, você estará ajudando-as a mudarem a forma como veem o mundo. O tipo
da mudança que vem de dentro – que é a espécie de mudança mais poderosa.
7 – Comparar ou desqualificar o sofrimento não ajuda – atrapalha
Pela mesma lógica do item 6: se uma
pessoa quer ser escutada, não quer dizer que ela quer soluções e opiniões sobre
os problemas dela. Às vezes ela só quer mesmo falar.
No caso das pessoas com ideações
suicidas, duas coisas que não ajudam são quando elas têm seus sofrimentos
desqualificados ou comparados ao sofrimento de outras pessoas. Por exemplo,
dizer a elas:
- “Para que se sentir assim? Você tem um emprego que paga bem e uma família! Outras pessoas têm muito menos”.
- “Pense bem nas pessoas que tem câncer, você tem a sua “saúde”, e diz estar mal”.
- “Você é uma pessoa tão inteligente, vai conseguir se sentir melhor bem rápido”.
Se a depressão pudesse ser resolvida
facilmente assim, não haveria tantas pessoas sofrendo por causa dela, não é
mesmo?
Para finalizar, devemos nos lembrar
do trabalho do Centro de
Valorização da Vida (CVV), uma entidade que presta apoio
emocional gratuito para a prevenção do suicídio – por chat online, telefone,
Skype ou e-mail.
Você também tem alguma informação
importante sobre este tema? Conta para a gente nos comentários! Pedimos também
para curtir e compartilhar nas redes sociais, assim estará ajudando a difundir
essas informações.
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